Viver para além do Mieloma!
Testemunho de doente
27-09-2022
Chamo-me Carla, tenho 49 anos, sou assistente social numa Residencial Sénior e tenho um filho com 23 anos.
Fui primeiramente diagnosticada com Linfoma Não Hodgkin em Outubro de 2020, fiz 6 ciclos de imunoquimioterapia que terminou em Abril de 2021, recaí em Setembro e depois de uma reavaliação fui diagnosticada com Mieloma Múltiplo em Outubro de 2021, fiz 4 ciclos de quimioterapia e depois fiz transplante autólogo em Março 2022, fez agora 6 meses...
Principais dificuldades da doença:
As maiores dificuldades que senti foram: o ter de aprender a viver com incapacidades (devido aos efeitos secundários da quimio), a viver bem com uma doença incurável e também a falta de informação que há à volta do MM que é pouco conhecida e divulgada e que se encontra dispersa. Valeu me um pouco o site da APCL que me deu algumas luzes iniciais sobre o assunto.
Maiores pilares durante a doença:
a minha família, as minhas amigas, colegas e equipa técnica do trabalho e o grupo de apoio da APCL moderado pela psicóloga Dra. Andreia da Apessoar, onde conheci outros doentes como eu que atravessam as mesmas dificuldades.
O que tenho vindo a aprender sobre mim nesta doença:
O cancro fez me perceber que o controlo que pensamos ter sobre a nossa vida, sobre o nosso corpo é uma ilusão... isso fez me tentar mudar de atitude, tentar viver a vida com mais
calma, saboreando os pequenos nadas que antes desvalorizávamos e, na medida do possível, viver e apreciar o momento, sem ansiedade quanto àquilo que o futuro me reserva. Eu era muito independente e isso mudou, tive de ter mais humildade no sentido de aceitar que, mais tarde ou mais cedo, precisamos sempre uns dos outros e que não vergonha nenhuma pedir ajuda... Também ganhar ainda mais tolerância e respeito pelo outro... ouvindo os outros doentes apercebemo-nos das diferentes perspetivas de cada um.. cada um tem as suas próprias lutas, diferentes sintomas etc..
Cada caminhada é única.. mas não quer dizer que não estejam a sofrer como tu... por isso tentar não julgar o outro porque não sabemos por aquilo que está a passar... outra lição: espalhar o amor... se há coisa que nos salva quando estamos doentes e dependentes, é o Amor... seja da equipa médica e de enfermagem que te acompanha, seja do colega doente de MM como tu, do teu filho que te leva às consultas, da amiga que te telefona todos os dias para saber como estás... portanto sorria e espalhe o amor à sua volta...
