Linfoma difuso de grandes células B
O que é?
O linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) é um tumor maligno do sistema linfático em que as células tumorais são os linfócitos B, de tamanho grande, que proliferam e infiltram o gãnglio de forma difusa- Fig.1

Há vários tipos?
Existem essencialmente dois tipos de LDGCB, em que as células do linfoma têm origens e características diferentes. Fig 2
- Tipo CGB, em que as células têm origem no centro germinativo. Em cerca de 45% dos casos há [glossario:translocacao] entre um cromossoma 14 e 18: t (14;18), assim como alteração dos genes BCL2 e BCL6
- Células B activadas (CBA). Em alguns casos existem alterações no cromossoma 3 ou 9.
Podem - se encontrar ainda outros tipos de LDGCB, menos frequentes, e alterações de outros genes.
Qual é a causa?
Há alteração de alguns dos genes que controlam o desenvolvimento dessas células. A causa dessa alteração é desconhecida, mas é mais frequente nas pessoas com alterações da imunidade, como nos doentes transplantados ou com infecção por VIH.

É uma doença hereditária? É contagiosa?
Não é hereditária, nem contagiosa
É uma doença frequente?
É o tipo mais frequente de linfoma não Hodgkin B (LNH) e constitui cerca de 30 - 40 % dos linfomas; a sua incidência aumenta com a idade. Este linfoma é o mais frequente nos doentes com imunosupressão, como os doentes transplantados ou associado ao VIH - vírus da imunodeficiência adquirida.
Quais são os sintomas?
Pode aparecer inicialmente como linfoma agressivo ou corresponder a uma transformação de um linfoma de baixo grau. Encontram-se geralmente gânglios aumentados no pescoço, axilas ou abdomen. Pode existir em outros orgãos – linfoma extra-nodal - causando sintomas diversos. O envolvimento do sistema nervoso central é frequente e pode ser necessário tratamento através de punção lumbar. O crescimento deste linfoma é rápido e acompanha-se geralmente de sintomas B: cansaço, perda de apetite, emagrecimento, febre e suores nocturnos.
Clinicamente existem ainda dois sub-tipos de LDGCB, como o Linfoma difuso do mediastino e o Linfoma intra-vascular, que são raros.
Como se diagnostica?
O diagnóstico é feito por biópsia do gãnglio ou da massa tumoral. Esta técnica permite colher material que será observado ao microscópio, sendo feitos outros exames como a imunocitoquimica, que permite identificar as proteinas da superfície das células tumorais e melhor caracterizar a doença. O estudo citogenético permite identificar as alterações dos genes.
Que exames preciso fazer?
São necessários exames de sangue e urina para avaliar diversos parâmetros como o hemograma, a função do fígado e rim e outros dados importantes. Há sinais laboratoriais de doença agressiva como LDH e β2 microglobulina elevadas. É feita avaliação da medula óssea por mielograma e biópsia óssea. A imunofenotipagem possibilita a caracterização das células tumorais.
Como é frequente a infiltração do sistema nervoso central (SNC) é necessário obter amostra do líquido que circula nas meninges e medula vertebral por punção lumbar ( líquido céfalo-raquidiano)
Os exames de imagem - radiografias, TAC, PET - são necessários para avaliar a extensão da doença e o resultado do tratamento.
Qual é o tratamento?
O tratamento consiste na administração de quimioterapia, associado a um anticorpo monoclonal.
Existem diversos esquemas terapêuticos sendo o mais usado o protocolo R-CHOP – rituximab, ciclofosfamida, doxorrubicina (adriamincina), vincristina (Oncovin®) e prednisona.
Estes tratamentos são administrados com intervalos de 3-4 semanas, para que o organismo recupere dos efeitos dos citostáticos; são habitualmente necessários seis ciclos de quimioterapia. Este tratamento é administrado através de uma veia, sendo habitualmente colocado um cateter central na veia sub-clávia - abaixo da clavícula - e que fica como uma pequena caixa dentro da pele, permitindo um fácil acesso para os vários ciclos de quimioterapia.
Se existirem grandes massas tumorais pode estar indicada associação com radioterapia localizada.
Qual a resposta ao tratamento?
Cerca de 50-60% das pessoas são curadas com a quimioterapia, embora possam existir recaídas. A resposta é melhor no linfoma do tipo CGB.
E se houver recaída? Ou se a doença não cede ao tratamento?
O tratamento de 2ª linha utiliza habitualmente medicamentos diferentes, como nos esquemas:
- R-DHAP – rituximab, dexametasona, citosinarabinosídeo em alta dose, cisplatineo.
- R- ICE – rituximab, ifosfamida, etoposído.
Outra opção terapêutica nos casos mais graves, é o transplante de células estaminais, do próprio doente quando está em remissão - autotransplante - ou de um dador compatível - transplante alogénico.
A investigação na área dos linfomas é constante e diferentes medicamentos surgem todos os anos, trazendo novas perspectivas no tratamento desta doença.